23 maio 2022

PREGUIÇA DE APRENDER OU EVOLUÇÃO DA LÍNGUA?

 

A língua portuguesa sempre foi conhecida por sua complexidade na aplicação das normas gramaticais.

A formalidade da nossa língua é, para bem poucos, status; para outros, objeto de desejo; e, para muitos, uma meta inalcançável.

Naturalmente, talvez por conta da necessidade de facilitar ou acelerar a comunicação, grupos de pessoas criam variações linguísticas que “desrespeitam” a norma culta de escrever e de falar.

Dentre essas variações, influenciada diretamente pelo avanço do uso de bate papos virtuais ou redes sociais, está o internetês: uma linguagem utilizada no mundo online, mas que tem interferido significativamente no modo de escrever do mundo offline.

Se você ainda não conseguiu visualizar o que estamos falando, observe a ilustração de um diálogo abaixo realizado através do WhatsApp:


Conseguiu decifrar? Não? Então já está na hora de você dar um "up" no seu dicionário. Agora, se sua resposta foi "sim" e você achava que não sabia, mas conseguiu compreender o diálogo, mesmo que tenha tido um pouco de dificuldade, acaba de perceber que não só conhece o internetês como, certamente, também o usa. Afinal, quem nunca apelou para abreviação das palavras durante um bate papo virtual, hein?!

Utilizada principalmente por crianças e adolescentes, o internetês é uma linguagem simplificada e informal que surgiu no ambiente da internet através de emoticons, acrônimos, abreviações e ortografia adaptada.

Sua origem está atrelada à necessidade de aumentarmos o nível de pessoalidade (intimidade) do diálogo e darmos mais agilidade à nossa comunicação. Afinal, na internet, em se tratando de tempo, menos é mais.

ESCRITA FORMAL VS INTERNETÊS

A educação de crianças e adolescentes, expostos diariamente a esse tipo de linguagem, é o debate mais importante.

A aprendizagem da língua, para muitos profissionais da educação, é fortemente afetada por isso, uma vez que ela acontece, também, através da repetição.

Com isso, com o uso recorrente das palavras escritas de forma “errada”, os jovens aprenderão a escrever errado também.

Outros profissionais da educação, no entanto, acreditam que este fenômeno linguístico veio pra ficar e, por isso, representa uma evolução no uso da linguagem.

Um belo exemplo disso é a evolução da palavra “você”: 'vossa mercê >vossemecê >voss'mecê >vomecê > vom'cê >vômcê >você'.

Uma solução para esta problemática é levar o debate para dentro de sala de aula. Mas, para isso, é necessário que nós professores também estejamos lincados a esta nova linguagem.

UMA QUESTÃO DE OPINIÃO

Quando colocamos em pauta o assunto língua portuguesa é muito difícil estabelecer o que é certo ou errado. Quem define isso é o contexto em que estamos inseridos.

Escrever na internet com estilo o da Clarice Lispector não funciona. Assim como não se deve “ixcrever axim” numa prova ou no currículo.

Obviamente, então, o internetês não é apropriado para ser usado em todas ocasiões. Há hora e lugar para usá-lo. E, por isso, é necessário que os jovens aprendam, também, a escrever de acordo com as normas.

Continue praticando seu internetês! Para além disso, aproveite e dê sua opinião sobre o assunto e, em nossas redes sociais, compartilhe conosco expressões que você já usa para facilitar a vida online.